segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Natália

Do ventre seco, do âmago do lírio, fez-se ela.
Do farfalhar do virar de páginas de um livro de poesia,
e de todos os sorrisos, fez-se ela.
Do martírio, do néctar da vida, do gosto pela relva
Do vento que transforma a estática folha em verde real, fez-se ela.

Do corte vivo, do sangue ardente,
da profundez e da leveza da navalha
Ela se fez.
Do abraço quente num dia frio,
E do coração frio num dia quente
Fez-se ela.

De cada gesto e palavra de amor,
De cada cutucar no ombro oposto,
Das profundezas de cada vontade superficial,
Ela se fez.

Da mais viva das divas,
Da mais alegre das musas,
De todas as mulheres que exalam tons de rosa
Fez-se ela.

Da safira mais azul se fizeram seus olhos,
E do cal mais branco fez-se sua tez.
Foi da vivacidade da luta,
Da boa e da má conduta,
Da liberdade e do amor,
Que se fez Natália.