sexta-feira, 29 de junho de 2007

Um chamado à natureza.

Eu vi a névoa cobrir o topo das árvores.Eu vi o tempo passar lentamente bem debaixo do meu nariz.Eu senti o frio cortante de um inverno congelante.Eu me sentei, pus a minha cabeça entre os joelhos, e começei a rezar.Eu conseguia ouvir a agua batendo contra os rochedos, decompondo-os particula por particula.
Depois de muito tempo eu senti.Sim, eu senti.Não importa o que, só importa que senti.E o que senti não era comum.Era algo que estava me esquentando, me cegando para aquele nevoeiro, me fazendo esquecer do barulho que as aguas faziam contra as rochas, e fazendo minha cabeça se levantar de subito, deixando a oração pela metade.Olhei para lugar nenhum, e olhei atentamente, por que "lugar nenhum" nunca me pareceu tão atraente, tão cheio de vida.
Fechei meus olhos e tentei sentir que aroma o vento trazia.Uma mistura de cheiros invadiu minhas narinas, me dando um sono leve e confortável.
Deitei-me sobre a pedra em que me encontrava previamente sentado.Encostei minha cabeça sobre sua superficie dura como se fosse um travesseiro aconchegante.Mergulhei, enfim, nos meus sonhos mais profundos.Sonhei com o barulho das aguas nas pedras, com a névoa sobre as árvores, o frio cortante, e toda aquela natureza que me circundava.Percebi então que aquele ser vivo que era o ambiente em que eu me encontrava, tinha me tomado de uma forma que eu não tinha mais vontade de me desvencilhar.Aquela natureza a minha volta me trazia uma felicidade interior que nenhum humano tinha me proporcionado antes.
Acordei com um estrondo que vinha de tras das grandes árvores que me proporcionavam proteção durante o sono; O tiro veio veloz e de uma vez só, ferindo a natureza perfeita que me acolhia.Senti um sentimento de tristeza profundo ao perceber que minha amiga tinha sido ferida.Abri os braços em um gesto desesperado tentando mostrar a ela que ela tinha mim, mas não adiantou.Os ventos começaram a se revoltar, juntos com as águas, antes calmas, que batiam nas pedras furiosamente.
Corri em direção às arvores, que, vagarosamente, abriram caminho para minha passagem.Corri, e corri, até não ver mais aquele ambiente sagrado.Parei, enfim.Na estrada de terra socada, na qual andava de pés descalços, pensei de novo na ternura do momento que passara antes do tiro.Serei eternamente grato à natureza por ele.




Diferente do que eu normalmente escrevo, mas sempre é bom abrir horizontes. :-)

domingo, 24 de junho de 2007

Olhos Fechados

O coração só sente o que os olhos não veem.Respostas só vem quando os olhos se fecham;quando o mundo se apaga.Onde está esse bicho chamado Amor?Depois de muitas fechadas de olhos para descobrir, percebi que o amor está naquela que finalmente os abriu.
O amor está em você.Está no seu cheiro,está no seu jeito,está no teu andar,na ligeira rouquidão da sua voz,na sua risada barulhenta, no jeito como você segura com firmeza o garfo e a faca, nas ligações duradouras, no seu senso de você.No seu carinho e na sua ternura, na sua vontade de amar, no seu ódio por acordar, mas ao mesmo tempo o amor por enfrentar um dia novo, me dizendo sempre que sem novos dias não existem novas pessoas, novos desafios, nem novos motivos para fechar os olhos.

domingo, 17 de junho de 2007

Confissão

Tenho uma confissão a, enfim, fazer.
Já que vi que não há por que mentir,
Resolvi falar, resolvi me abrir,
Sem mais me segurar, ou me conter.

Só de pensar que não vou mais te ver,
Enlouqueço sem tempo de sorrir,
De me enfurecer, ou de reagir,
Posto que foi-se embora a me esquecer.

Mas esta não é minha confissão,
Que jurei a mim que um dia faria,
E não hei de me trair nesta lei:

Na crua verdade, em toda omissão,
Ou na ventura que esse mundo cria,
Te amo e para sempre te amarei.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Lições

Andei sempre destraído.Pular de uma em uma sem significado nenhum, me parecia legal e confortável.Simplesmente achei que não existisse coisa melhor do que aquilo.Jamais supus que algo tão forte e diferente fosse me atingir de forma tão repentina e sorrateira, me aprisionando aos poucos, a cada beijo e a cada abraço.Pra mim, essa coisa de gostar de alguém não existia, e era uma coisa idiota que alguém tinha inventado pra se sentir melhor numa hora de tristeza;pra mim, essa coisa de gostar de alguém era num futuro muito distante, e eu vivia cuspindo pro alto dizendo que nunca ia acontecer comigo.
Agora digo que, felizmente, aconteceu.Aquele cuspe que eu dei voltou com tudo na minha cara, e me fez sorrir como nunca.Descobri que gostar de alguém existe sim, e que não tem coisa melhor.Descobri que até nas coisas ruins como sentir falta, existe uma coisa boa que é maior que tudo.Percebi enfim que a vida é feita de bem mais do que coisas passageiras, que ela existem é claro, mas que não se comparam a algo em que você entrou de cabeça.
E eu tenho uma noção que tudo que é novo é assustador, e que eu acho que nunca tive tanto medo em minha vida.Mas eu não sei por que, eu continuo indo para frente sem medo de me perder.Às vezes, acho que isso tudo que está acontecendo é uma grande lição, para que eu deixasse de ser teimoso e visse que existia coisa melhor.Não sei se eu vou sentir saudades do passado, e se sentir fazer o que?Mas o que importa é que por sua causa eu estou vivendo algo que realmente vai ficar pra sempre na memória.
E que essa lição dure o quanto tempo for para durar, que continue me ensinando tudo aquilo que eu achei que não devia aprender.Que eu continue desejando que cada minuto em que eu não estou com você passe mais rapido, até o próximo encontro.E que de todos os ensinamentos eu entenda de uma vez por todas, que a procura é desnecessária, pois o destino tratará de unir dois corações perdidos.

sábado, 9 de junho de 2007

Sem Título.

Por que que você apareceu e fez isso comigo?Sabe, eu estava bem antes.Juro mesmo, bem mesmo!Mas não, você tinha que aparecer.você tinha que me encantar com esse seu jeito enigmático e inexplicável.Você tinha que se tornar uma coisa que eu não posso mais controlar.Você tinha que, de repente, controlar o meu olhar.Tinha que aparecer.Tinha que me mudar.Mas apesar de tudo isso, eu chego a achar estranho que eu achasse tudo tão bom antes.Vai ver só você me fez perceber o quão boa essa coisa nova pode ser.Vai ver você só veio me mostrar que se apaixonar é inevitável e estranho.Você diz que eu te assusto, mas o mais assustado aqui sou eu.Assustado com esse negócio estranho que eu não sei bem o que é.
Acho que o que eu quero dizer é que a vida ta me parecendo melhor agora.Ou será que não?Pra falar bem a verdade eu não sei, por que eu ja me esqueci como era a vida sem você.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Folha Contra o Vento

Admito que me vou,
Como uma folha contra o vento.
Não se esqueca de quem fui e sou,
No rodar deste mundo lento.
Lembre-se de mim, pois me amou,
Em cada triste e vão momento.

terça-feira, 5 de junho de 2007

O Grande Jardim

Olho para a lua e penso em você
De uma maneira que jamais pensei.
Eu acho que nunca te imaginei
Dessa forma,e nunca soube o porquê.

Se guerras são travadas por amor
Por você, eu iria até guerrear,
E até morrer,eu iria lutar
Apenas por um gole do sabor.

Pois em meus sonhos tenho uma outra vida,
E é uma vida sem desenganos.
Dizendo as palavras secas e aridas.

Onde posso curar minha ferida
De sentimentos vazios e mundanos,
Num grande jardim vazio e sem lágrimas.

domingo, 3 de junho de 2007

Soneto IV

Ó América privada de prazer,
Tenho em mim para sempre tua flecha.
Dos lábios de mel, da mais negra mecha,
Tua morte eu inda hei de esquecer.

És tão linda quanto a primeira flor
Com a qual a primavera é agraciada.
Tens um olhar que me diz tudo e nada,
E em teus gestos, beleza e esplendor.

E sinto tua ausência constantemente,
Como um andarilho sem rumo ou vertente,
Sofrendo da saudade que me assalta.

Mas penso ao olhar para o horizonte,
E nada me vir, além de sua fronte,
Que toda a graça está em sentir falta.




Só um comentário :A primeira estrofe é uma "citação" da Iracema do José de Alencar."Iracema", são as letras de "América" embaralhadas, e a cena na qual ela solta uma flecha no homem branco é classica.Ela, "virgem dos lábios de mel, do cabelo mais negro que a asa da grúna", guarda o segredo da tribo portanto é privada dos prazeres carnais, porém, por quebrar essa promessa é morta ao fim do livro.Sinto muito se estraguei o final para alguém, mas eu tinha que explicar esse raio de primeira estrofe para alguém que não percebesse sozinho.

Abraços,
Renato Freixeda.

sábado, 2 de junho de 2007

Lhe Imploro.

Lhe imploro que não se vá.Não me deixe sentado nesse asfalto frio e sem vida da saudade.Lembre-se que sou humano e também choro, mas pense que, mesmo você valendo cada lágrima que derramo, eu preferiria não ter que chorar.Pense no tempo que eu vou demorar para jogar fora tudo que me lembra você.Lhe imploro com minha vida que não se vá.Peço perdão por cada vez que esqueci de te fazer sorrir.Veja que eu não conhecia o medo e o sofrimento até te conhecer, mas também não conhecia a felicidade.Lhe imploro que não se vá, que não abra suas asas e voe como o anjo que és.Lhe imploro que se rebaixe à humildade terrea que lhe ofereço.Lhe imploro que sejas minha para sempre, e que sejas feliz ao meu lado.Fique aqui por favor, ou não serei mais quem sou, não saberei mais quem fui e nem quem vou ser.Se se for, levará junto meu rumo e meu coração, e não ouse leva-los de mim, pois se o fizer, me esquecerei de ti.